Filomeno
Vieira Borges tem orgulho da vida que leva. Mas lembra com tristeza tudo o que
deu por causa de bebida. Hoje ele é diretor do CEREA em
Gurupi-TO.
“Estou enfrentando o
alcoolismo”
Por
Philipe Ramos
Filomeno
Vieira Borges, 54 anos, tinha quatro empregos há poucos anos atrás. Era uma
pessoa bem vista pela sociedade. Era assessor político, Presidente da
Associação de Moradores do setor Jardim Eldorado, tinha um trabalho elogiado
pela comunidade. Mas conheceu aquilo que ele mesmo define como a pior coisa que
aconteceu em sua vida, o alcoolismo.
Ele
começou a beber com 28 anos de vida, mas a situação piorou mesmo nos últimos
oito anos. Antes, Filó, como é popularmente conhecido, bebia socialmente com
amigos, principalmente em festas. Um vinho aqui, uma cervejinha ali... Porém,
aos poucos ele foi perdendo o controle. Não conseguia largar do álcool. “Me
tornei um viciado” conta Filó.
Maranhense
de Alto Parnaíba, chegou em Gurupi há 28 anos. Na medida em que seu vício
aumentava, aumentava também a preocupação da família. Ele era uma pessoa
agressiva em casa. Sempre estressado, fez sua esposa chorar por muitas vezes.
Não dava o apoio necessário aos familiares. “O alcóolatra apenas visita, ele
não é morador de sua própria casa”, afirma.
Sua
mulher já chegou a ir à sua terra natal para tentar buscar ajuda. Esforço em
vão. Filó, não aceitava que precisava de ajuda. E isso dava briga. Ele quebrava
as coisas da casa. A família estava errada, achava ele.
“Alcoolismo
é uma doença perigosa. Prejudica não só a pessoa que bebe, mas como as pessoas
que estão ao redor”, ressalta.
Sua
esposa ficou magra e chorava muito. “Minha família já passou muita vergonha”,
lembra Filó que aos poucos começa a se emocionar na entrevista. Os olhos se
enchem de lágrimas.
Não
foram poucas as vezes que os filhos ou amigos tiveram de busca-lo na rua
bêbado, largado, desorientado... “Eu rodava a noite inteira e não via nada
(...)uma vida muito triste”.
As perdas
Foram
incompatíveis as perdas para a vida particular. Dos quatro serviços, em que ele
era empregado, ficou em apenas um. Perdem bens financeiros. “Eu vendia as
coisas de casa para beber. O vício te obriga a fazer isso momento que falta
dinheiro para beber. Eu já cheguei a vender moveis de casa escondido, quando a
família chegava de viagem, eles percebiam que faltava alguma coisa”.
O
alcoolismo também acarretou em Filó problemas de saúde. Mas o pior de tudo: ele perder a moral com
muitas pessoas. Perdeu um dos bens mais valiosos da vida de um homem, a
amizade. “Eu era uma pessoa de confiança e as pessoas foram se afastando”.
Antes
de o vicio tomar conta da sua vida, ele já era presidente do Setor Jardim
Eldorado. Um fato curioso – ele conseguiu se reeleger mesmo depois de todos os
problemas com a bebida. “Eles me toleraram por causa do trabalho bonito que eu
havia começado a fazer”, porém ele confessa: “A empolgação m fez beber mais”.
A
situação foi ficando critica. A família fazia de tudo para ajuda-lo, porém, ele
relutava. Até que num certo dia, um
pastor encontrou Filó bêbado na rua, desesperado e chorando muito. Esse pastor
o levou para casa.
Aos
poucos, o pastor foi mostrando paraele o caminho. Explicou para Filó, que a sua
vida estava acabando, mas ainda dava tempo dele consertar. Hoje, ele conta que
não se lembra de nada desse dia.
Depois
desse dia, a família tentou de todas as formas a convencê-lo para parar de
beber. “Foi difícil, porque eu não queria ver a realidade. Eu não queria ver o
prejuízo. Eu tinha medo de ver”.
O Cerea
Até
que ele recebeu uma verdadeira prova de amizade e de confiança. O comandante do
4º BPM, o coronel Uzimael da Cruz Lima, e o tenente Ribeiro o levaram para o
CEREA – Centro de Recuperação dos Alcóolatras. “O coronel Uzimael assinou um
documento acreditando na minha recuperação.Eles acreditaram em mim.”
A
sua vida, a partir daí mudou completamente. “O CEREA é uma alegria muito
grande. Antes a gente ficava na rua dando trabalho e prejuízo” destaca
Filomeno, que recebeu a reportagem do Cocktail depois de passar a tarde de quarta-feira
(20) inteira trabalhando na nova pintura da sede da entidade, que fica na Rua
6, entre as avenidas Espírito Santo e Minas Gerais.
Estava
com as mãos sujas de tinta. Esta é sua nova vida. Não mais com as mãos
segurando latinha de bebida alcoólica. Mãos de trabalhador.
Ele
destaca que o Centro de Recuperação tem pessoas que o entendem e que o trata
com carinho. As palestras, segundo ele, são muito boas.
Enfrentando o Alcoolismo
O
pastor João Feitosa é uma das pessoas que ele mais tem apreço. Filó o considera
como um pai. Quando ninguém acreditava mais nele, o pastor acreditou. O único
emprego que ele continuou foi graças a Feitosa, que manteve como segurança na
IgrejaAssembleia de Deus. “Hoje ele deve estar muito alegre comigo. Foi uma recompensa”.
diz Filó.
Ainda
hoje o alcoolismo atormenta a sua vida. Ele colhe frutos do que plantou no
tempo da bebedeira. Mas aos poucos ele vai virando o jogo. “As pessoas ainda
tem um pouco de cisma. Algumas dizem: “será que ele largou de beber”. Eu procuro
fazer de tudo para que a sociedade saiba que eu não bebo (...) estou melhorando
o meu comportamento”.
“Se
eu admitisse antes que eu tinha me tratado.Quando eu acordei já estava
rejeitado pela sociedade”.
Já
faz dez meses que ele não põe nenhuma gota de álcool na boca. Mas ele reconhece
que a bebida é uma cascavel, sempre pronta para dar o bote. “Eu sei que eu sou
fraco.Evito festas”.
A
sua imagem já está sendo recuperada. No dia 7 de fevereiro deste ano, ele foi a
Câmara Municipal de Gurupi explicar a atuação do CEREA, isso porque no dia 23
do mesmo mês ele foi empossado como novo diretor da entidade no município de
Gurupi. Uma grande vitória.
A
sua agenda hoje está cheia. Antes da entrevista, já havia sido entrevistado em
duas emissoras de TV. Além disso, tem entrevistas ao vivo marcadas praticamente
em todos os canais de comunicação.
“Já
dei muito trabalho”, lembra. Mas agora, com o sorriso estampado no rosto, ele
mostra que Filomeno Vieira Borges é um novo homem.
FONTE: Folder distribuido pelo CEREA de Gurupi/TO
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